“Página a página abre-se um écran” — diálogos de Manuel Gusmão com o cinema
de vários autores
- Sessão Especial |
- M/12 |
- 2022 |
- estreia 21.03.2022
sinopse
Teatro Campo Alegre, 27 de Abril, 21h
“Página a página abre-se um écran” diálogos de Manuel Gusmão com o cinema
Participação de Rosa Maria Martelo
Leitura de poemas por Isaque Ferreira
Projecção do filme: In the Mood for Love de Wong Kar Wai
[Com a presença de Manuel Gusmão]
Manuel Gusmão é um dos nomes mais importantes da poesia portuguesa das últimas décadas. O cinema tem uma forte presença na sua obra poética, quer pela evocação de imagens e diálogos de filmes, quer pela adopção, na sua escrita, de técnicas do cinema, como a montagem. Diz o poeta em entrevista a Luís Miguel Queirós (Público): “Interessa-me a relação possível entre a imagem literária e cinematográfica. […] Fascina-me esta ideia de que temos todos um cinema metido na cabeça. Um cinema que implica a produção do filme, a câmara que filma, o projector que envia uma torrente de luz para o écran, os espectadores que estão entre o projector e o écran. Temos isto tudo na cabeça, e quando olhamos para o mundo, tudo isto se põe em movimento, a funcionar. O cinema é a nossa maneira natural de criar imagens sobre o mundo”.
Esta sessão especial, cujo título vem de um verso seu, do livro Migrações do Fogo (2004), antecede o Colóquio Internacional “Contra Todas as Evidências”, dedicado ao poeta, que terá lugar nos dias seguintes, 28 e 29 de Abril, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, organizado pelo Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa.
“Página a página abre-se um écran”, contará com uma intervenção de Rosa Maria Martelo, poeta e ensaísta, autora do livro O Cinema da Poesia (Documenta, 2012; 2ª ed. aumentada, 2017) e a leitura de poemas de Manuel Gusmão pelo actor e diseur Isaque Ferreira. Poemas que nos aproximam desse diálogo, quer o da sua memória de espectador de cinema, que construiu uma espécie de “acervo” pessoal – a partir de obras de realizadores como Wong Kar Wai, Akira Kurosawa, Joris Ivens, Bergman, Dreyer, Bresson, Straub/Huillet, Buñuel e Welles, entre outros –, quer na forma como vai construindo uma narrativa forjada a partir dessas memórias como se fosse também um filme.
A encerrar, será exibido o filme In the Mood for Love / Disponível para Amar (2000), de Wong Kar Wai, numa cópia restaurada. Filme ao qual Gusmão faz referência no poema que abre Migrações do Fogo (2004), “citando”, “reelaborando”, “re-fazendo”. “Tudo se passa no filme que alguém está a inventar / na tua cabeça que as labaredas alucinam”