LAWRENCE DA ARÁBIA, 60º aniversário do maior épico de todos os tempos

Teatro Rivoli, Terça-feira, 12 de Abril, 20h


Adaptado da autobiografia de T.E. Lawrence, intitulada The Seven Pillars of Wisdom, Lawrence da Arábia foi um dos maiores sucessos, tanto de público como de crítica (que o apelidou de “obra-prima”, filme “grandioso”, “impressionante”), do cineasta britânico David Lean.

É um dos mais célebres épicos da história do cinema, e voltou a consagrar Lean com vários Óscares, sete ao todo, entre os quais os de Melhor Filme e Melhor Realizador. Peter O’Toole encarna o enigmático T. E. Lawrence, o oficial do exército inglês que durante a Primeira Grande Guerra conduz o povo árabe na luta contra a ocupação turca do império otomano. A fotografia de Freddie Francis, também galardoada com um Óscar, faz maravilhas com as paisagens dos desertos.


Em 1998 foi feito um restauro supervisionado por Lean, e é essa versão do realizador, agora com um esplendoroso restauro digital, que vamos ver no Teatro Rivoli no 60º aniversário do filme, com os seus actores e cenários bigger-than-life.


“O que faz a singularidade de Lawrence da Arábia é a luz e o som naturais com que na altura foi feito. […] E tem talvez o melhor argumento que alguma vez foi escrito.”

Steven Spielberg


Elogio do cinema e da perfeição

“Ver ou rever Peter O"Toole a interpretar a personagem, complexa e fascinante, de T. E. Lawrence é deparar com um valor humano (também humanista) para o qual as gerações mais jovens têm sido metodicamente deseducadas. Que valor é esse? Pois bem, o ator, esse bicho de muitas e inusitadas transfigurações que, de facto, não depende da agitação mais ou menos feérica dos “efeitos especiais”.

Repare-se: não se trata de lançar qualquer suspeição generalizada sobre as virtudes emocionais dos espectadores mais jovens. Como não se pretende duvidar da importância que a evolução tecnológica sempre teve em momentos decisivos da história do cinema. Trata-se, isso sim, de sublinhar que o cinema de David Lean está muito longe de ser uma mera acumulação de cenários grandiosos e milhares de figurantes: Lawrence da Arábia é mesmo a depurada consagração de uma visão do mundo que nasce dos valores mais enigmáticos da dimensão humana, observando-os com a paciência metódica de um genuíno mestre.

[…] Creio que não será arriscado dizer que a esmagadora maioria dos espectadores com menos de 30 anos (precisamente os que, garantem as estatísticas, mais frequentam as salas escuras) nunca viu a obra-prima de Lean num grande ecrã. […] desta vez, faz sentido dizer que Lawrence da Arábia pode ser visto ou revisto como foi desejado, pensado e fabricado. Sabendo nós que Lean foi um obsessivo perfecionista, esta é também a melhor maneira de o homenagear.”

João Lopes, Diário de Notícias

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