O cinema como acto de resistência: A SEMENTE DO FIGO SAGRADO estreia-se hoje

Estreia-se hoje nos cinemas A SEMENTE DO FIGO SAGRADO, do iraniano Mohammad Rasoulof. O enredo segue a história de uma família em Teerão no pico do movimento «Mulher, Vida, Liberdade». O pai, Iman, oficial de justiça no Tribunal Revolucionário, suspeita da mulher e das duas filhas adolescentes, quando a sua arma desaparece de casa. 

Uma das sensações do último Festival de Cannes, onde ganhou vários prémios, a história da sua produção poderia superar a do próprio filme. Rasoulof, já preso por várias vezes no Irão e proibido de sair do país, viu-se forçado a realizar o filme à distância, rodado quase inteiramente na clandestinidade. Quando foi condenado a uma nova pena de oito anos de prisão, o realizador não teve opção senão abandonar o seu país natal, numa jornada que demorou 28 dias. Para a surpresa de todos, conseguiu estar presente em Cannes e apresentar o seu filme, consensualmente considerado um dos melhores do ano passado e nomeado para os BAFTA e Óscares.


Vasco Câmara, para o Público, escreveu que Rasoulof «não tem meias medidas para empunhar uma arma contra o regime que esmaga o seu país». Por sua vez, Manuel Halpern, para a Visão, escreveu: «É universalmente uma grande obra de cinema, que faz jus à melhor tradição do cinema iraniano». Para o Expresso, Francisco Ferreira considerou que A SEMENTE DO FIGO SAGRADO «é um grande filme sobre a natureza insidiosa da tirania e o instinto humano de combatê-la. Neste ponto, combate todos os regimes autoritários do planeta». Inês N. Lourenço, no seu programa A Grande Ilusão, considerou que se trata de «um ágil e tenebroso retrato do patriarcado religioso e da misoginia que ainda impera».

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