Sessão Especial: AOS NOSSOS AMORES, de Maurice Pialat – 16 de Julho às 22h, no Cinema Medeia Nimas

No domingo, 16 de Julho, às 22h, no Cinema Medeia Nimas, Vasco Câmara e Paulo Branco conversam sobre o cinema de Maurice Pialat a seguir à projecção do filme AOS NOSSOS AMORES, integrado na retrospectiva integral do cineasta em exibição nas salas Medeia.

Pialat dos nossos amores

Vasco Câmara, Público, 21 Junho 2023


Quando morreu, Maurice Pialat não filmava desde Le Garçu/O Garoto, que é de 1995. Mas entre 1983 e 1991, isto é, o período que liga Aos Nossos AmoresPolíciaAo Sol de Satanás e Van Gogh, a obra, de que a Leopardo Filmes se ocupa em Lisboa e Porto a partir desta quinta-feira, 22, e mais tarde noutras cidades, com uma retrospectiva das suas dez longas-metragens, excluídas as curtas e a série, esteve no centro dos reconhecimentos. Houve uma Palma de Ouro em Cannes (Ao Sol de Satanás), sucessos de bilheteira (dois milhões de franceses viram Polícia), parecendo que o eterno marginal ia enfim ocupar um desejado centro.

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"Penso que Pialat amava profundamente as pessoas. Dizendo ele que não amava ninguém. Já Renoir, que dizia amar toda a gente, não amava na realidade ninguém. Nas conversas telefónicas que ainda assim tivemos", recorda Pascal [Mérigeau], "lembro-me de ele me fazer o reparo de que a grande verdade de French Cancan [Jean Renoir, 1955] estava no facto de a vedeta do filme [Françoise Arnoul, intérprete de Nini] ser aquela que levantava menos bem a perna. Ele procurou sempre nos seus filmes isso, a 'primeira vez'. Por isso falava admiravelmente sobre os filmes dos irmãos Lumière".

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"Não era um tipo agressivo, Maurice. Pelo contrário. Mas recusava-se a filmar de acordo com as regras. Não queria fazer como os outros", como estava instituído pelas rotinas das equipas de uma máquina industrial. É nesse sentido que Pialat, la rage au coeur fala de um realizador que "fazia cinema contra o cinema".

Hoje, reconhece, a sua figura é tutelar, "é a referência". Pascal puxa pela comparação: "Truffaut? É uma referência vazia. Há a figura, sim, mas o seu cinema tem pouca existência hoje. O problema é que os cineastas tentam fazer como Maurice Pialat mas com a vontade de viver como François Truffaut": Catherine Breillat, Sandrine Veysset, Joachim Lafosse, a Patricia Mazuy de Peaux de Vaches (1989), Cédric Kahn, Claire Denis...

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