A Mãe e a Puta
de Jean Eustache
com Jean-Pierre Léaud, Bernadette Lafont, Françoise Lebrun
- La maman et la putain |
- 3h 40m |
- M/16 |
- 1973 |
- estreia 07.07.2022
sinopse
Podemos afirmar sem exagero que este é um dos filmes mais aguardados do ano, apesar de passarem cinquenta anos sobre o início da sua rodagem.
E porquê? A Mãe e a Puta é um dos filmes mais venerados e mais citados da história do cinema. Muitos cineastas contemporâneos afirmam que foi para eles um dos filmes mais marcantes – desde Olivier Assayas, que afirma: “Tenho a impressão de viver com este filme, um dos melhores filmes franceses de todos os tempos, desde que ele existe”, a Jim Jarmusch (que dedicou a Eustache o seu Broken Flowers), Jane Campion, Harmony Korine ou Gaspard Noé. Em resumo: uma obra-prima absoluta.
Ao longo dos anos tornou-se um filme de culto, também. As vezes em que era projectado eram raras, até porque não havia praticamente cópias, o que fez dele um indiscutível objecto de desejo.
Foi finalmente restaurado em 4K e abriu a secção Cannes Classics na última edição do festival, numa sessão memorável que contou com a presença dos actores Jean-Pierre Léaud e Françoise Lebrun. Foi nesse festival que se estreou, não sem controvérsia, e de onde saiu com o Grande Prémio Especial do Júri, em 1973.
A Mãe e a Puta é uma variação do clássico triângulo amoroso (e muito se escreveu sobre o que nele há de biográfico, mas não é isso que importa): Alexandre (Jean-Pierre Léaud) é um jovem ocioso, mas sempre ocupado, que deambula pelos cafés de Paris (o Rosebud, o Rostand, o Flore, o Deux Magots…), vive no pequeno apartamento de Marie (Bernardette Lafont), e inicia uma ligação amorosa com Veronika (Françoise Lebrun), enfermeira no hospital Laenec. E aí começa uma espécie de ménage à trois que, entre sentimentos e pulsões fortes, acaba por se tornar tensa e insustentável.
“Em que romance crês tu que estás?”, diz a determinada altura Alexandre / Léaud. A Mãe e a Puta é também um filme de palavras (se fosse livro seria um grande romance), com extraordinários diálogos, citações, collages, (“falar com as palavras dos outros, deve ser isso a liberdade”), entre uma espécie de niilismo descarnado e um dandismo pré-punk, como alguns fizeram notar.
O encontro do filme, que apesar dos anos continua a parecer tão jovem, com um novo público vai marcar profundamente o ano cinéfilo.
biografia do realizador
Jean Eustache (30 Novembro 1938 - 3 Novembro 1981) é conhecido actualmente pela sua aclamada obra A Mãe e a Puta (1973), uma das suas duas únicas longas-metragens que fez na sua curta carreira como realizador que inclui uma série de curtas e documentários. Realizador independente, ele absorveu os princípios da Nova Vaga francesa e reformulou-os na sua própria obra cinematográfica.
ficha técnica
Jean-Pierre Léaud, Françoise Lebrun, Bernadette Lafont, Isabelle Weingarten, Jacques Renard
Realizador: Jean Eustache
Argumento: Jean Eustache
Fotografia: Pierre L'homme
Produtora: Elite Films, Ciné Qua Non, Les Films du Losange, Simar Films, V.M. Productions - Vincent Malle Productions
Distribuição: Leopardo Filmes