Maine-Océan

de Jacques Rozier

com Bernard Menez, Luis Rego, Yves Afonso, Rosa-Maria Gomes

  • Maine-Océan | 
  • 2h 10min | 
  • M/12 | 
  • 1986 | 
  • estreia 03.07.2025

sinopse

Dejanira, uma bailarina brasileira, apanha o comboio “Maine-Océan” na estação de Montparnasse. Não tendo validado o seu bilhete, é confrontada por dois revisores inflexíveis e socorrida por uma advogada parisiense, que lhe serve de intérprete e de quem se torna amiga. Uma espécie de Torre de Babel cómica, o filme desenrola-se em torno das falhas de comunicação entre personagens de diferentes nacionalidades, classes e posições sociais, enfatizando o carácter absurdo e a arbitrariedade inerente a tais separações. Produzido por Paulo Branco, com fotografia de Acácio de Almeida o filme foi uma lufada de ar fresco na paisagem cinematográfica de meados dos anos oitenta, e ainda há pouco tempo surgia na lista das obras-primas do cinema francês dos últimos 70 anos no jornal Le Monde. Por cá, João Bénard da Costa chamou-lhe “Um dos mais modernos dos filmes modernos”. Amplamente considerado o melhor trabalho de Rozier, Maine-Océan é um estudo melancólico e profundamente empático sobre a condição humana e sobre o próprio cinema.

  • 1986 | 
  • Comédia | 
  • Longa-metragem | 
  • 2h 10min | 
  • M/12 | 
  • França

estreia 03.07.2025

festivais e prémios

Prémio Jean Vigo 1986

biografia do realizador

Jacques Rozier nasceu em 1926, em Paris. Entrou no mundo do cinema por uma via convencional, ao ingressar no IDHEC (agora La Fémis), que lhe deu a oportunidade de ser assistente de realização de Jean Renoir em French Cancan (1954). Continuou a trabalhar como assistente de realização em vários filmes e programas de televisão, sobretudo. Em 1955 e 1958, realizou duas curtas-metragens, Rentrée des classes e Blue Jeans, respectivamente, que chamaram à atenção de Jean-Luc Godard, seu acérrimo defensor (elogiou “lucidez da sua improvisação”, de um cinema “jovem e belo, como os corpos de vinte anos de que falava Rimbaud”). Depois do sucesso de O Acossado (1960), Godard apresentou Rozier ao seu produtor Georges de Beauregard, que lhe viria a financiar a sua primeira longa-metragem, Adeus Philippine. Representação anárquica da juventude, foi filmado com igual liberdade, entre as ruas de Paris e as montanhas da Córsega, com diálogos improvisados, sem qualquer argumento (algo recorrente ao longo de todos os seus filmes). Beauregard desistiu do projecto, e o filme só veria a luz em 1962, no Festival de Cannes, e por todos foi adorado. E aí começou uma das obras mais singulares, mais livres e mais geniais do cinema francês. Rozier, que ficou conhecido como o enfant terrible da Nouvelle Vague, deixou-nos uma mão cheia de longas-metragens e várias curtas para o cinema, incluindo um díptico à volta de O Desprezo (1963), de Godard: Paparazzi (1963) e O Partido das Coisas: Bardot / Godard (1963). Também fez imensos trabalhos para a televisão ao longo da sua vida, quase para subsistência, dada a dificuldade em filmar que encontrou ao longo de toda a sua carreira. Só realizaria a sua segunda longa-metragem nove anos depois – As Praias de Orouet (1971), estreado dois anos depois da rodagem. As dificuldades em filmar, com grandes intervalos entre rodagens, continuaram. A sua obra seguinte, Os Náufragos da Ilha Tortuga, foi realizado em 1976, mas nem sequer foi distribuído em França. Dez anos depois, realiza Maine Océan (1986), talvez a sua obra maior, produzida por Paulo Branco, com fotografia de Acácio de Almeida. O jornal Le Monde colocou-o na lista dos 50 melhores filmes da história do cinema francês, e João Bénard da Costa considerou-o “um dos mais modernos dos filmes modernos”. A sua última longa-metragem, Fifi Martingale (2001), foi estreada no Festival de Veneza, mas não foi distribuída em França. Foi um outsider (como o foram Eustache e Pialat) e assinou uma obra de enorme frescura. Desentendimentos amorosos e desventuras cómicas compõem os Verões sem fim dos seus filmes, onde a viagem importa mais que o destino e a excentricidade é resposta à melancolia do mundo. Cineasta do risco e do desejo, o mais irreverente e provocador da Nouvelle Vague, fez do acaso a sua estética e do improviso o seu método, numa das obras mais livres, mas também mais secretas, da história do cinema.

ficha técnica

Elenco: Rosa-Maria Gomez, Abdel Kedadouche, Luis Rego, Bernard Menez, Yves Afonso

Argumento: Jacques Rozier, Lydia Feld
Direcção de Fotografia: Acácio de Almeida
Montagem: Jacques Rozier, Martine Brun
Produção: Paulo Branco
Distribuição: Leopardo Filmes