O Conformista
de Bernardo Bertolucci
com Jean-Louis Trintignant, Stefania Sandrelli, Gastone Moschin, Enzo Tarascio
- Il conformista |
- 1h53 |
- M/12 | Cópia Restaurada 4K |
- 1970 |
- estreia 31.07.2025
sinopse
Bertolucci adapta um romance de Alberto Moravia, passado nos anos 30. Marcello (interpretado por Jean-Louis Trintignant, naquele que considerou o seu melhor papel) viaja em lua de mel para Paris, onde deve participar no assassinato de um anti-fascista exilado, que foi seu professor. Mas, para voltar a aproximar-se dele, tem de ganhar a confiança da sua filha. Como é que Marcello chegou aqui? O Conformista, que Agustina Bessa-Luís disse ser “um filme de uma beleza fascinadora”, que evoca o cinema francês e americano dos anos 30, constrói-se nesta tensão de um indivíduo dividido entre ideologias, o presente e o passado que regressa, e a conformação com um casamento burguês que funciona como sufoco dos desejos que o atemorizam.
festivais e prémios
Festival de Berlim 1970 – Selecção Oficial em Competição – Prémio Especial dos Jornalistas, Prémio Interfilm
Prémios David di Donatello 1971 – Melhor Filme
Óscares 1972 – Nomeação para Melhor Argumento Adaptado
biografia do realizador
Bernardo Bertolucci (1941-2018) é largamente considerado, sem contestação, um dos maiores realizadores da história do cinema. Filho de um pai poeta, Attilio, Bernardo cresceu no meio do mundo das artes. Motivado a seguir as pisadas do seu pai, mudou-se para Roma para estudar literatura. Aí, teve a sua primeira experiência no cinema. Pier Paolo Pasolini, amigo da família (Attilio “descobriu” Pasolini e publicou-lhe o primeiro livro), convidou Bernardo a ser assistente de realização em Accattone (1961). No ano seguinte, Bertolucci realizou a sua primeira longa-metragem, La commare secca, a partir de um argumento de Pasolini. Em 1964, com apenas 22 anos, assinou Antes da Revolução, filme-matriz da sua obra. Profundamente autobiográfico (há quem o descreva como um “exorcismo”), ambientado na sua Parma natal, conta a história de um jovem burguês dividido entre a sua origem social e a sua adesão ao marxismo, com o protagonista Fabrizio a servir de alter ego de Bertolucci, marxista assumido. O filme, considerado uma das suas obras-primas, introduziu uma nova sensibilidade no cinema italiano e estabeleceu o cineasta como discípulo da Nouvelle Vague. Estreou dois filmes em 1970, O Conformista e A Estratégia da Aranha (ambos situados na Itália dos anos 30 e 40), onde revisita os fantasmas do fascismo. Dois anos depois, realizou o muito polémico O Último Tango em Paris, protagonizado por Marlon Brando, com 48 anos, e Maria Schneider, 19. Sobre aquela que porventura será a cena mais famosa do filme, uma cena de violação, Schneider afirmou ter-se sentido “humilhada e violada”, pois Bertolucci não a informou do que iria acontecer. O cineasta admitiu ter ocultado informação à jovem para suscitar uma “sensação real de frustração e raiva”. Bertolucci foi condenado pelos tribunais italianos a uma pena suspensa e à perda dos direitos cívicos durante cinco anos pelo crime de “obscenidade”. Em 1976, realizou 1900, um épico histórico sobre a evolução política da Itália no século XX, entre o fascismo e o comunismo, entre a luta de classes e a decadência da burguesia. Com A Tragédia de Um Homem Ridículo (1981), Bertolucci filmou a fealdade da Itália, antes de se internacionalizar com O Último Imperador (1987). Foi o primeiro filme ao qual o estado chinês deu permissão para filmar na Cidade Proibida. Esta produção grandiosa e espectacular, sobre a vida do último imperador da China, venceu os 9 Óscares para os quais foi nomeado, incluindo Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Fotografia e Melhor Argumento Adaptado, consolidando o nome de Bertolucci na história do cinema. Nos anos seguintes, realizou obras como O Pequeno Buda (1993), Beleza Roubada (1996) e Os Sonhadores (2003), aquela que é considerada a sua última grande obra, evocação simultaneamente romântica e desencantada do período de Maio de 68. Eu e Tu (2012) foi o seu último filme. Entre o político e o íntimo, Bertolucci captou as experiências individuais nos grandes eventos históricos. Filmou juventude, poder, traição, mas também corpo, paixão e a vertigem de existir. Cada obra é uma confissão disfarçada, um poema em luta com o mundo.
ficha técnica
Elenco: Jean-Louis Trintignant, Stefania Sandrelli, Gastone Moschin, Enzo Tarascio, Fosco Giachetti
Argumento: Alberto Moravia, Bernardo Bertolucci
Direcção de Fotografia: Vittorio Storaro
Montagem: Franco Arcalli
Produção: Giovanni Bertolucci, Maurizio Lodi-Fè
Distribuição: Leopardo Filmes