Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse

"Este Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse é um filme flamejante: da lareira ao vento, da chuva aos corpos, dos automóveis a toda a brida pelos campos Elíseos, das galinhas que, no convencional creme francês, saltam muros com o susto (que plano!), da alma de Ingrid Thulin às folhas mortas de Versalhes, da consciência de Glenn Ford (maravilhoso actor), tudo está num desequilíbrio febril num excesso de tensão, numa latência de pulsões [...]

E se a infernal rede de sentidos que Minnelli constrói neste filme nos empolga (e o filme é empolgante), é apenas porque Minelli sabe o que é a realização, a mise-scène, o que complexifica e torna o cinema cinema. Ele é realizador.Vejam o plano sublime em que a Thulin e Ford dançam no cabaré latino, a maneira franca como, pela dança, cada um deles vai ficando em grande plano frontal, prefigurando os famosos grandes planos do Persona de Bergman, e, a meu ver, com uma bem mais imponderável suspensão do tempo. [um filme] extraordinário."
Jorge Silva Melo, Século Passado, Ed. Cotovia