Michelangelo Antonioni — O Passo em Frente (Os Grandes Mestres do Cinema Italiano, 2ª parte)

A partir de 26 de Agosto, 7 filmes de Michelangelo Antonioni para ver em cópias digitais restauradas no Cinema Medeia Nimas. A segunda parte do ciclo Os Grandes Mestres do Cinema Italiano começa a surgir: Michelangelo Antonioni – O Passo em Frente.

De Ferrara, onde nasceu, a Bolonha, onde estudou Economia, Michelangelo Antonioni (1912-2007) foi mais tarde para Roma. Frequentou o Centro Sperimentale di Cinematografia, escreveu sobre cinema e publicou contos. Trabalhou com Marcel Carné, escreveu para Rossellini e Fellini. Depois de Gente del Po e alguns documentários de duração curta, a sua primeira longa de ficção, Escândalo de Amor (1950), anunciava já as inovações que viria a introduzir na história do cinema italiano, afastando-se da ortodoxia neo-realista. Nessa década, alguns já sentiam que era preciso dar um passo em frente, “ultrapassar o problema da bicicleta”. E a sua quarta longa, O Grito (1957) foi, como diz Manuel S. Fonseca, “uma respeitosa salva fúnebre em honra do neo-realismo”, onde Antonioni procurava, citando as suas palavras: “olhar para dentro do homem a quem roubaram a bicicleta e ver quais são os seus pensamentos, como se adequam, quanto ficou dentro dele de todas as experiências passadas, da guerra, do pós-guerra…”.

Seguiu-se a célebre “trilogia dos sentimentos”, e a colaboração com Monica Vitti: A Aventura (1960), A Noite (1961) e O Eclipse (1962).


A obra de Antonioni caracteriza-se por uma impressionante composição visual, não raro apresentando um cenário que estabelece uma íntima relação com as personagens, reflectindo as suas angústias e perturbações, bem como a alienação do indivíduo na era moderna. Esta maior complexidade das personagens permitiu ao realizador explorar o tumulto interior, ou, como o próprio referiu, a “nevrose” daqueles que não se adaptam, como constatamos em O Deserto Vermelho (1964), o seu primeiro filme a cores.


Cineasta moderno, que captou a atmosfera do seu tempo, a sua obra continua a responder a questões essenciais com que nos debatemos ainda hoje e é uma das mais influentes no cinema contemporâneo, reivindicada por cineastas como Wong Kar Wai ou Hou Hsiao-hsien, Tarkovsky ou Skolimowski, Gus Van Sant ou Brian de Palma, e Wim Wenders, que com ele trabalhou nos últimos filmes, quando uma trombose o deixou parcialmente paralisado.


A partir de 1 de Setembro, este ciclo organizado pela Leopardo Filmes em colaboração com a Medeia Filmes, estará também em exibição no Teatro Campo Alegre, no Porto; no Cinema Charlot, em Setúbal; no Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra; no Theatro Circo de Braga; e no Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz.


No cinema Nimas, serão ainda exibidos, no mês de Setembro, em sessões especiais, os filmes Blow-Up - História de um Fotógrafo (1966), Zabriskie Point (1970) e Profissão: Repórter (1975).


Escândalo de Amor  (1950) > Cópia digital restaurada, 4K

O Grito (1957) > Cópia digital restaurada

A Aventura (1960) > Cópia digital restaurada, 4K

A Noite (1961) > Cópia digital restaurada

O Eclipse (1962) > Cópia digital restaurada

O Deserto Vermelho (1964) > Cópia digital restaurada, 4K

Identificação de uma Mulher (1982) > Cópia digital restaurada