Teatro Campo Alegre reabre a 11 de Junho com 2ª fase do ciclo BUÑUEL

O Teatro Campo Alegre reabre a 11 de Junho (depois de três meses de encerramento devido à pandemia do Covid'19), com a segunda fase do ciclo 25 X BUÑUEL.

Depois do "Buñuel (sobretudo) mexicano" dos filmes da primeira fase, destacam-se agora nesta segunda fase os filmes do regresso à Europa, ao seu encontro decisivo com o produtor Serge Sylberman e com o escritor e argumentista Jean-Claude Carrière, que começaria com Diário de uma Criada de Quarto (1963, com Jeanne Moreau), o início de uma bela e frutuosa ligação, que duraria até ao final da sua vida. Juntos, construíram aquele que foi o seu maior êxito de bilheteira, A Bela de Dia (1967), com Catherine Deneuve; A Via Láctea (1969), "uma colagem perversa"; O Charme Discreto da Burguesia (1972), outro dos seus grandes sucessos, Óscar para o Melhor Filme Estrangeiro; O Fantasma da Liberdade (1974), mais um lendário êxito comercial, e Este Obscuro Objecto do Desejo (1977), o seu último filme, o "topus perfeito de tão longa e acidentada opus", como escreveu João Bénard da Costa, que acrescentaria ser este "um dos Buñuel maiores, obra-chave, obra decisiva".


Terá ainda lugar a exibição de Labirinto Infernal (produção franco-mexicana de 1956), onde contou com um notável elenco de actores franceses, no qual se destacavam Simone Signoret, então no auge da sua carreira, e Michel Piccoli, que se tornaria um dos seus grandes amigos e participaria em mais cinco dos filmes que vamos ver, e também com a colaboração, na escrita do argumento, do grande escritor Raymond Queneau.  


Depois do escândalo e do sucesso do celebérrimo Viridiana (1961, que vimos na primeira fase), com o qual ganhou de novo a Palma de Ouro em Cannes e que levou finalmente à aclamação de Luis Buñuel como um dos maiores cineastas de todos os tempos, voltou a filmar no México — onde mantinha residência; naturalizara-se mexicano em 1949 —, dando-nos outros dois grandes filmes que também veremos agora, na segunda fase do ciclo: O Anjo Exterminador (1962), enorme sucesso crítico e um dos momentos culminantes da sua obra, e Simão do Deserto (1965), uma média metragem que será exibida com A Febre Sobe em El Pao (1959, o último filme do extraordinário actor Gérard Philippe).


Numa entrevista, Jean-Claude Carrière diz que "um verdadeiro Mestre é alguém que podemos consultar depois da sua morte e que Buñuel continua a ter uma presença constante na sua existência".  Não apenas por causa dos argumentos que com ele escreveu, mas também na sua vida do dia-a-dia. E conclui: "O primeiro plano que Buñuel rodou é o de um olho cortado em Um Cão Andaluz. O seu último plano é o de uma mulher numa montra, que recose uma seda ensanguentada sob o olhar de Fernando Rey e de Carole Bouquet, fascinada. [...] Que coisa estranha... A obra de Buñuel abre com um rasgão e fecha com uma cerzidura, um conserto."


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