Sessão Especial Dia Mundial da Poesia | “Página a página abre-se um écran” - diálogos de Manuel Gusmão com o cinema

Celebramos o Dia Mundial da Poesia a 21 de Março com uma sessão especial, no Cinema Nimas, com a intervenção de Maria Filomena Molder, leitura de poemas por Diogo Dória e Marta Chaves e a exibição dos filmes Quem Espera por Sapatos de Defunto Morre Descalço, de de João César Monteiro, e Une Histoire de vent, de Joris Ivens e Marceline Loridan.

Cinema Medeia Nimas — Sessão especial no Dia Mundial da Poesia

21 de Março, 21h


Maria Filomena Molder: “o cinema é uma cicatriz de luz”

Leitura de poemas por Diogo Dória e Marta Chaves


Projecção dos filmes

Quem Espera por Sapatos de Defunto Morre Descalço de João César Monteiro

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Une Histoire de vent, de Joris Ivens e Marceline Loridan


Manuel Gusmão é um dos nomes mais importantes da poesia portuguesa das últimas décadas. O cinema tem uma forte presença na sua obra poética, quer pela evocação de imagens e diálogos de filmes, quer pela adopção, na sua escrita, de técnicas do cinema, como a montagem. Diz o poeta em entrevista a Luís Miguel Queirós (Público): “Interessa-me a relação possível entre a imagem literária e cinematográfica. […] Fascina-me esta ideia de que temos todos um cinema metido na cabeça. Um cinema que implica a produção do filme, a câmara que filma, o projector que envia uma torrente de luz para o écran, os espectadores que estão entre o projector e o écran. Temos isto tudo na cabeça, e quando olhamos para o mundo, tudo isto se põe em movimento, a funcionar. O cinema é a nossa maneira natural de criar imagens sobre o mundo”.


Esta sessão especial, cujo título vem de um verso seu, do livro Migrações do Fogo (2004), abrirá com uma intervenção de Maria Filomena Molder, “o cinema é uma cicatriz de luz” (verso do poema “A Trela” do livro A Terceira Mão, 2007, de Manuel Gusmão).


A seguir, o actor Diogo Dória e a poeta Marta Chaves irão ler uma escolha de poemas de Manuel Gusmão que nos aproximam desse diálogo, quer o da sua memória de espectador de cinema, que construiu uma espécie de “acervo” pessoal (a partir de obras de realizadores como Joris Ivens, Wong Kar Wai, Bergman, Dreyer, Bresson, Straub/Huillet, Buñuel, Welles e Kurosawa, entre outros), quer na forma como vai construindo uma narrativa forjada a partir dessas memórias como se fosse também um filme.


A encerrar, serão exibidos os filmes Quem Espera por Sapatos de Defunto Morre Descalço – Um provérbio cinematográphico, de João César Monteiro, no qual poderemos ver Manuel Gusmão na sua primeira e rara aparição num filme, e Une Histoire de vent, de Joris Ivens e Marceline Loridan, sobre o qual escreveu um poema no livro Pequeno Tratado das Figuras (2013). «Era o vento / o vento do deserto do Gobi que enfim chegava…».