Ciclo "Os Anos de Ouro do Cinema Italiano"

31.07 29.10

Cinema Medeia Nimas - Lisboa

"O cinema italiano é uma tapeçaria rica de emoções, de arte e de contar histórias. Deu-nos filmes icónicos que moldaram a linguagem cinematográfica e continuam a inspirar gerações de cineastas."

Martin Scorsese


"O cinema italiano reflecte a alma do país. Capta a essência da cultura italiana, a sua energia vibrante e as suas tradições profundamente enraizadas. É um testemunho do poder de contar histórias."

Francis Ford Coppola


"A comédia italiana é um verdadeiro tesouro do cinema mundial. Tem uma mistura única de farsa, sátira e absurdo que mantém o público a rir enquanto oferece uma visão profunda da experiência humana."

Wes Anderson


Como podemos ver pelos depoimentos destes três grandes realizadores (e muitos mais, oriundos das mais diversas cinematografias poderíamos ter), o cinema italiano marcou e influenciou a história do cinema, no seu período áureo, que começou no pós-guerra e se prolongou ao longo de algumas décadas, dos anos quarenta aos setenta. De 31 de Julho a 3 de Setembro viajamos pelos “anos de ouro do cinema italiano”, com a exibição de 51 filmes, em cópias restauradas, alguns inéditos em sala, realizados por 16 cineastas que marcaram profundamente o nosso imaginário de espectadores, que criaram dezenas de obras-primas premiadas nos grandes festivais de cinema, que ganharam Óscares e que eram amadas pelo público. Como refere o crítico e curador Roberto Turigliatto, “existia nessa altura uma riqueza tal no cinema italiano que é muito difícil de reencontrar posteriormente. Era um dos grandes cinemas no mundo, quer em número de autores grandes e importantes, quer em capacidade de fazer um grande cinema popular de grande nível estético.”


Nos anos 40 nasce o cinema neo-realista, como uma espécie de reacção à guerra e ao que ela representava, trazendo o cinema para as ruas, filmando em décors reais, com iluminação natural, interessando-se por histórias do quotidiano. É uma das bases do cinema moderno, que influenciou as novas vagas e os novos cinemas que surgiram anos mais tarde um pouco por todo o lado. Roma, Cidade Aberta, de Rossellini, que em 1946 venceu Cannes, é o primeiro grande filme do pós-guerra e trouxe-lhe uma grande notoriedade internacional. Serão ainda exibidos A Terra Treme (Visconti, 1948) e Ladrões de Bicicleta (Vitorio de Sica, também de 48), entre outros. Nos anos 50, destacamos alguns filmes que por cá já há muito tempo não se viam, como Umberto D. e O Ouro de Nápoles, de De Sica, e Onde Está a Liberdade e O General Della Rovere, de Rossellini. É nessa década que surge a commedia all’italiana, sátira social e de costumes, feroz e explosiva. Veremos filmes de Dino Risi, mas também os filmes de Marco Ferreri, raros de se ver e autênticas obras-primas, O Leito Conjugal e A Mulher-Macaco, quando este habitou este género de forma muito pessoal. Dessa década ainda, As Noites da Cabíria, de Fellini, uma das suas grandes obras. Os anos 60 são os anos de afirmação de vários dos incontornáveis, de Visconti a Fellini, de Antonioni e Pasolini, mas também de Zurlini, de um menos conhecido mas absolutamente extraordinário Francesco Rosi, do vulcânico e alucinatório Carmelo Bene (como Pasolini, também ele escritor).  E surgirá um dos últimos grandes autores que vêm ainda deste período, Bernardo Bertolucci, com um primeiro filme que “herda” de Pasolini, mas que começa verdadeiramente uma obra que é sua a partir de Antes da Revolução (1964). Este grande cinema italiano foi também uma espécie de família: Fellini colaborou em muitos dos filmes de Rossellini, Francesco Rosi começou com Visconti, muitos dos produtores amavam verdadeiramente o cinema, com uma espécie de paixão autoral…


Duas últimas notas: a exibição de Que Viva a Revolução! (1974), dos irmãos Taviani, o filme que há 50 anos, em Setembro de 1975, abriu o Nimas; os enormes actores e actrizes que dão corpo e brilho a este cinema, e que não podemos aqui enumerar, convidando-vos a percorrer as fichas dos filmes e a encontrar os seus nomes.


Viva il cinema italiano!